segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

TEORIA?


Quando estudamos as ciências e em especial a Física, frequentemente escutamos a palavra "TEORIA", mas o que isso significa? Creio que o primeiro passo para se entender nosso Universo através da Física seja, compreender as simples definições que formam esta ciência espetacular. Então vamos lá:

Teoria, do grego θεωρία , é o conhecimento descritivo que permite especulações, contudo puramente racional. É um conjunto de dados colhidos apartir de sua própria observação e compreenssão. Mas cada área vai ter uma definição específica. Em ciência, a definição de teoria científica difere bastante da acepção de teoria em senso comum, o de simples especulação; o conceito moderno de teoria científica estabelece-se, entre outros, como uma resposta ao problemas de demarcão entre o que é efetivamente científico e o que não o é.
  
Teoria Científica

Uma definição científica de teoria é a de que ela é uma síntese aceita de um vasto campo de conhecimento, consistindo-se de hipóteses necessariamente falseáveis - mas não por isto erradas, dúbias ou tão pouco duvidosas - que foram e são permanentemente e devidamente confrontadas entre si e com os fatos científicos, fatos estes que integram um conjunto de evidências que, juntamente com as hipóteses, alicerçam o conceito de teoria científica. As hipóteses, em casos específicos, devido à simplicidade e ampla abrangência, podem ser elevadas ao status de leis.

É comum associar-se o conceito de teoria apenas a uma ou a um conjunto de ideias que tenta prever com alto grau de exatidão os fenômenos da natureza. Em verdade, vários cientistas acabam muitas vezes por aderir a esta conotação. Contudo em ciência o conjunto de fatos faz-se sempre presente e indispensável, e este está, mesmo quando não explicitamente considerado, certamente subentendido. Sempre que observamos algum fato novo que venha a contrariar a teoria vigente, deve-se abandonar as ideias conflitantes e jamais ignorar o fato: modifica-se a teoria, de forma a integrá-los à mesma, fato e novas ideias. Conclui-se que as teorias evoluem em virtude da descoberta de novos fatos, que necessariamente passam a integrar a versão evoluída da mesma.

Isso me faz lembrar de uma interessante frase do Gênio Albert Einstein:

"Se os fatos não se encaixam na teoria, modifique os fatos." 

Continua...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A Poesia na Aula de Ciências

Existem relações profundas entre Ciência, Cultura e Arte. No entanto, a discussão integrada dessas dimensões raramente se realiza nas salas de aula. Numa tentativa de motivar esse diálogo, propomos a exploração, em sala, de poemas referentes à Ciência, de forma interligada e em interação com outras disciplinas.
Como um primeiro exemplo de tópico a ser trabalhado, podemos citar a ‘Máquina do Mundo’. Muitos temas relacionados à Astronomia e à visão geocêntrica do século XVI são encontrados na poesia de Camões. Outros poetas da língua portuguesa, como Carlos Drummond de Andrade e Haroldo de Campos, também abordaram esses temas. Reproduzimos abaixo um texto de Rómulo de Carvalho, físico, poeta e divulgador da Ciência que escrevia sob o pseudônimo de Antonio Gedeão.
 
A Máquina do Mundo
Antonio Gedeão

O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.
Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.

A evolução no tempo também permeia o pensamento de artistas e cientistas. Em quase todos os ramos da Ciência, esse conceito é fundamental no entendimento de fenômenos naturais. E na literatura poética universal, o tempo é um dos temas mais recorrentes, pela vinculação óbvia com a vida e a morte. Aqui, um exemplo tirado da obra de Murilo Mendes.
 
Estudo para um Caos
Murilo Mendes

O último anjo derramou seu cálice no ar.
Os sonhos caem na cabeça do homem,
As crianças são expelidas do ventre materno,
As estrelas se despregam do firmamento,
Uma tocha enorme pega fogo no fogo,
A água dos rios e dos mares jorra cadáveres.
Os vulcões vomitam cometas em furor
E as mil pernas da Grande dançarina
Fazem cair sobre a terra uma chuva de lodo.
Rachou-se o teto do céu em quatro partes:
Instintivamente eu me agarro ao abismo.
Procurei meu rosto, não o achei.
Depois a treva foi ajuntada à própria treva.
Alguns temas presentes nas obras de escritores contemporâneos são inspirados na Física Moderna. As idéias surgidas no início do Século XX, como as da Física Quântica, levaram a uma profunda revolução na Física. A letra de Gilberto Gil reproduzida abaixo é um exemplo do reflexo dessa revolução na cultura popular.
 
Quanta 
Gilberto Gil

Quanta do latim
Plural de quantum
Quando quase não há
Quantidade que se medir
Qualidade que se expressar
Fragmento infinitésimo
Quase que apenas mental
Quantum granulado no mel
Quantum ondulado do sal.
Mel de urânio, sal de rádio
Qualquer coisa quase ideal
Cântico dos cânticos
Quântico dos quânticos
Canto de louvor
De amor ao vento
Vento arte do ar
Balançando o corpo da flor
Levando o veleiro pro mar
De pensamento em chamas
Inspiração
Arte de criar o saber
Arte, descoberta, invenção
Teoria em grego quer dizer
O ser em contemplação
Cântico dos cânticos
Quântico dos quânticos
Sei que a arte é irmão da ciência
Ambas filhas de um Deus fugaz Que faz num momento e no mesmo momento desfaz.

Na versão integral deste texto, “Poesia na Aula de Ciências?”, Física na Escola, v.3, n.1, Ildeu de Castro Moreira, da UFRJ, cita e comenta diferentes exemplos desses temas e de outros: Os astros; A matéria, A bomba atômica; Caos e fractais; Vida, pensamento e complexidade e Ciência em si.

Fotos das atividades no LICEU.